"Já estive à sua procura no fim de semana e não a via. Ainda bem que a encontro porque precisamos de conversar", disse a senhora enquanto saía e batia a porta do Mercedes.
Antes que tivesse tempo de dizer o que quer que fosse, já a mulher me perguntava se tinha sido eu que, na semana passada, tinha resmungado ao filho dela na cantina.
Respondi que se o filho dela era o míudo que estava a atirar maçãs contra um copo cheio de água, a ver se acertava, então tinha sido eu.
"E acha correcto o que fez?" pergunta a mulher aflitavemente nervosa. "O meu menino (Nota: tem 9 anos) passou o fim de semana traumatizado, a dizer que a senhora do jipe verde( ou seja, eu) lhe resmungou, com pesadelos e a chorar. E qual era o problema se ele partisse o copo? Ele partia e eu pagava, não era a senhora que ía pagar, pois não? Agora tenho aqui o menino todo stressado, vou ter que o levar ao psicologo outra vez e voltar aos medicamentos...."
Pedi desculpa à senhora. Disse que realmente não tenho nada a ver se o miúdo parte ou não copos à maçazada. Voltei a pedir desculpa. Jurei que não voltava a cair no mesmo erro. Pedi perdão. Pensei no livro "O Pequeno Ditador". Pensei no rapaz que tem ar de principezinho e quis que um enorme buraco se abrisse na terra para eu desaparecer deste mundo louco.
1 comentário:
Da próxima eu puxava-lhe as orelhas até ele levantar os pés do chão...
Daqui a uns anos os pais do "menino" agradecem...
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