quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Meias

A minha descendente mais pequena começou hoje a leccionar um curso intensivo para mães sobre meias.
Embora sem o CAP, a moça está afincadamente empenhada em que eu (a única mãe presente, até agora) aprenda a lidar com, diz ela, "a parte mais importante da roupa".
Assim, cá está o programa pedagógico:

"Como dobrar meias" - 2 horas
"Como desdobra meias" - 2 horas
"Como calçar meias, aulas práticas" - 3 horas
"Como colocar os elásticos e quantas dobras se deve dar" - 3 horas
"O que fazer com as costuras" - 2 horas
"Medição para que as meias fiquem milimetricamente simétricas" - 4 horas
"Como calçar os sapatos sem que as meias se desloquem um frame" - 3 horas

As aulas são gratuítas. Estão abertas as inscrições.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"Já estive à sua procura no fim de semana e não a via. Ainda bem que a encontro porque precisamos de conversar", disse a senhora enquanto saía e batia a porta do Mercedes.
Antes que tivesse tempo de dizer o que quer que fosse, já a mulher me perguntava se tinha sido eu que, na semana passada, tinha resmungado ao filho dela na cantina.
Respondi que se o filho dela era o míudo que estava a atirar maçãs contra um copo cheio de água, a ver se acertava, então tinha sido eu.
"E acha correcto o que fez?" pergunta a mulher aflitavemente nervosa. "O meu menino (Nota: tem 9 anos) passou o fim de semana traumatizado, a dizer que a senhora do jipe verde( ou seja, eu) lhe resmungou, com pesadelos e a chorar. E qual era o problema se ele partisse o copo? Ele partia e eu pagava, não era a senhora que ía pagar, pois não? Agora tenho aqui o menino todo stressado, vou ter que o levar ao psicologo outra vez e voltar aos medicamentos...."
Pedi desculpa à senhora. Disse que realmente não tenho nada a ver se o miúdo parte ou não copos à maçazada. Voltei a pedir desculpa. Jurei que não voltava a cair no mesmo erro. Pedi perdão. Pensei no livro "O Pequeno Ditador". Pensei no rapaz que tem ar de principezinho e quis que um enorme buraco se abrisse na terra para eu desaparecer deste mundo louco.

domingo, 16 de novembro de 2008

Fecundação

Pergunta pertinente e inadiável de uma das minhas crianças, a meio de uma almoço domingueiro de S. Martinho.
- "E agora, já que estamos aqui todos juntos, alguém me explica como se faz a fecundação?"

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Há Dias Assim...

Há dias em que uma gaja não se devia levantar de manhã para não dizer asneiras à tarde para não dizer disparates à noite....

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Conserva estranha

Oito e trinta da manhã, eu e uma amiga a falar ao telefone:
Ela: Tenho medo que a punheta não saia bem!
Eu: Claro que vai sair. Tu sabes fazer.
Ela: Pois seis, mas estou nervosa, vão estar lá os meus sogros e os meus cunhados...
Eu: Ó minha, não stresses, faz a punheta nas calmas e mais nada.
Ela: Pois, vai correr bem mas tu tens uma boa mão para aquilo.
Eu: Tu também tens boa mão para fazeres uma boa punheta. Fazes coisas bem mais dificeis.
Ela: Olha, se correr mal vou a tua casa buscar rissois. Pelo sim e pelo não, frita uma dúzia.

(Esta conversa foi tida ao telefone, comigo em frente à escola das crianças, e a minha amiga estava, entre outras coisas, com a punheta de bacalhau que ía fazer, ao jantar, para a família do marido)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Multa

Parecia uma noite sossegada. Mas só parecia. Vindos do nada, ouvem-se gritos de dor. Corremos todos para ver o que se passava. A minha santa mãe gritava que lhe tinha entrado um bicho num ouvido.
Com a progenitora aos berros, fui com ela para o hospital. É claro que não olhei para os limites de velocidade, mas a Brigada de Trânsito é como Deus, nosso senhor Jesus Cristo, está em toda a parte, e estava à minha espera no final de uma recta.
Parei, a minha mãe fechou a boquita e acabou com os gemidos e o policia começou com os procedimentos normais. Documento para aqui, seguro para ali e eu a explicar ao homem que só ía "um bocadinho" mais depressa porque ía com a minha mãe ao hospital, que era um caso urgente, etc, etc.
Cito agora a conversa entre o agente da BT e a minha mãe.
Ele: Então a senhora está doente?
Ela: Sr. polícia estava já mesmo a deitar-me e entrou-me um bicho no ouvido..
Ele: E doi-lhe muito, não é?
Ela: (recordo apenas que, minutos antes, gritava com dores) Doi um bocadinho, é assim como se tivesse aqui uma coisa sempre a incomodar...
Ele: A sua filha diz que tem que ir de urgência para o hospital porque a senhora está muito doente...
Ela: Ora bem, isto não é uma doença. Foi só um bicho que me entrou para o ouvido.
Na dúvida se maltrava a minha mãe, se insultava o policia ou se voltava a casa e deixava a mulher com o insecto no ouvido, o senhor agente da BT ajudou-me na indecisão e passou-me uma multa de 150 euros.
C0ntinuei a viagem até ao hospital, proibindo a senhora minha mãe de abrir a boca nem que fosse para respirar e dizendo-lhe que seria ELA a pagar a multa.
Já no hospital, confirmou-se a existência do bicharoco e a dificuldade em tirar o insecto do interior do canal auditivo.
Optaram então por afogar o bicho com soro fisiológico. De seguida, no INEM, a senhora minha mãe foi transferida para o hospital de S. João, no Porto, onde foi seriamente ponderada a hipótese de realizar uma cirurgia.
Um otorrino mais paciente, de aspirador na mão, consegui aspirar o ordinário do cadáver do reles insecto.
Voltamos para casa de manhã, depois de uma noite inesquecível.
A senhora minha mãe está de cama e eu estou a tentar trabalhar.
É calro que ainda tive que ouvir uma lição de moral sobre a forma educada e respeitosa como devemos tratar os senhores agentes da Brigada de Trânsito.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Noticias

Há notícias que não podemos publicar nos jornais por todas as razões e mais uma. Mas como este blog é meu e aqui há a democracia que a dona do estabelecimento comercial quiser, aqui fica a noticia que quero partilhar mas que não posso publicar.

"Um homem de 67 anos, residente em Guimarães, está internado, em estado considerado grave, no Hospital Nossa Senhora da Oliveira. Durante a noite de quinta-feira, o sexagenário dirigiu-se à urgência da unidade de saúde queixando-se de fortes dores abdominais.
Após a realização de vários exames auxiliares de diagnóstico, os médicos verificaram que o homem tinha no intestino um 'objecto estranho' que, mais tarde, se veio a confirmar ser um vibrador.
Com o vibrador ainda a ´funcionar' no interiror dos intestinos, o indivíduo foi sujeito a uma intervenção cirurgica de urgência para retirar o objecto".

E pronto. Já está. Juro que isto aconteceu e que o homem continua no hospital.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Os mesmos erros

Há coisas que uma gaja nunca aprende. Por mais anos que tenha. Por mais filhas que tenha. Por mais festas de anos que organize.
Há nove anos a fazer convites para festas de aniversário da canalha. Repito, há nove anos e continuo a pôr sempre a hora de início da festa e nunca a hora a que termina.
É um erro crasso. Já me estou a ver, sábado, como em outros anos e em outras festas, ás nove da noite a ter que levar crianças a casa porque os pais não as vêm buscar.
E sempre com o mesmo argumento: "O convite não dizia a que horas terminava a festa".
Rais parta estes pais que pensam que uma festa de anos de canalha é uma rave de 24 horas!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A queda.

Não, não foi a queda de Salazar. Nem a queda da Bolsa. Nem a Queda de um Anjo. Nem sequer foi um erro ortográfico onde o "d" substituiu, acidentalmente, um "c".
Foi mesmo uma queda. Um trambolão. Um tombo. Um espalhanço.
E, de tão ridicula que foi a queda, não há ninguém que tenha pena das minhas mazelas e que não ria ao imaginar a situação.
Foi assim: eu não sabia o caminho para chegar a casa de uma pessoa e um dos meus compadres ofereceu-se para me levar lá. Desde que eu não fosse a conduzir, é claro.
Fomos no carro dele. Chegamos. Ele estacionou. Eu abro a porta. Saio e pimba, caio num enorme fosso destinado água da chuva.
Por entre gemidos meus, meias rasgadas, tacão partido, arranhões múltiplos e muita humilhação, oiço o meu rico compadre a chamar por mim, aflito.
Finalmente, quando me descobre dentro do fosso, desata a rir como se eu fosse o Zé Carlos e ele o director da Sic..
"Eu estava-te a ver e, de repente, tu desapareces", diz o homem por entre gargalhadas.
Quem me conhece e sabe do meu volume que imagine o tamanho do buraco onde caí...