Há por aí uma certa moda, baseada em alguma pedagogia que desconheço, que leva os professores a indicar o número de linhas a utilizar em cada redacção ou composição.
Como encarregada de educação estou mesmo-mesmo em vias de iniciar um abaixo-assinado, uma cadeia de solidariedade ou que lhe quiserem chamar contra este sistema.
Ao colocar um número mínimo ou máximo de linhas para que cada criança escreva, os professores estão impedir o saudável desenvolvimento das crianças.
Dúvidas?
A minha filha maiúscula tinha que fazer uma composição sobre os amigos. Em 8 linhas.
Para encher, escreveu que tinha duas grandes amigas, que viviam uma em Viana do Castelo e outra em Vila Nova de Famalicão (por extenso). Uma era a filha mais velha do padrinho e da madrinha (recusou usar o termo "padrinhos" porque tinha poucas letras) e outra era filha de uma prima e de um primo, "portanto, segundo prima".
Hoje, outra composição sobre um local onde já foram ou gostavam de ir nas férias. Em 10 linhas.
Eu: Já sabes sobre o que vais escrever?
Ela: Sobre os Açores.
Eu: Tu nunca foste lá, podias escrever sobre um local onde já tenhas estado.
Ela: Ó mãe, são dez linhas! Assim posso escrever Região Autónoma dos Açores e por o nome das nove ilhas que lá existem. São muitas letras.
(E eu calei-me)
2 comentários:
Grande Maíuscula!
E não percebi essa tua indignação. Preciso de argumentação mais substancial. Em que é que a pequena vê coartado o seu crescimento? Também não te pedem textos com 1000 c. e a substância da coisa ficava-se pelos 500 e tu não fazes? E o contrário então?
Beijos, Teresa
boa a tua maíusca é mesmo inteligente
susana
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