As obras na minha rua são como o reino de Deus: não têm fim.
Primeiro, foi a casa em frente que esteve em obras. Comemos pó. Bebemos pó e não podiamos abrir as janelas durante o dia.
Depois foi o vizinho do lado. Obras. Marteladas. Música alta. E, claro, pó. Voltamos à reclusão das janelas fechadas.
Comemoramos o final das obras com um excelente espumante de alvarinho e fomos de férias.
Voltamos e quase não entramos em casa.
Em ano de eleições triplas, temos a rua completamente esburacada pela pior empresa de constrição civil de Portugal.
A ideia, será a de, segundo um operário, 'encanar a água da chuva'.
Mas a rua está um canho. Máquinas, homens, buracos, tubos, não há ponta por onde se lhe pegue.
Ontem, depois de tentar entrar na minha rua por todos os caminhos possiveis, acabei por estacionar longe e fui a pé para casa.
Pelo caminho, cruzo-me com os homens da obra, de cervejola na mão, escavadora atravessada na rua para garantir que ninguém passava, sentados à sombra.
-Então amigo (gosto sempre de chamar 'amigo' aos tipos da construção), como é? Já não posso entrar em casa?
-Tá ali uma placa a dizer trânsito proíbido...
-Excepto a moradores e eu sou moradora!
-Pois, olhe entre as 8 da manhã e as seis da tarde, ninguém passa. É hora de trabalho...
-Mas eu preciso de passar..
-Se a senhora trabalhasse não estava aqui a esta hora.
-E se o senhor trabalhasse não estava aí a emborcar cervejas e a obra já estava feita!
-Até parece que é engenheira...Olhe faça queixa na câmara...
E foi o que fiz. Mandei um email para a minha autarquia a explicar porque é que preciso de viver num hotel de 5 estrelas enquanto a minha rua estiver em obras...
Sem comentários:
Enviar um comentário