domingo, 30 de agosto de 2009

sinhor inginheiro

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramarEnganar/Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir/Encontrar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar/A enganaro povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Porque os beijos não são contratos

Y UNO APRENDE

Después de un tiempo,
uno aprende la sutil diferencia
entre sostener una mano
y encadenar un alma,
y uno aprende
que el amor no significa acostarse
y una compañía no significa seguridad
y uno empieza a aprender...
Que los besos no son contratos
y los regalos no son promesas
y uno empieza a aceptar sus derrotas
con la cabeza alta y los ojos abiertos
y uno aprende a construir
todos su
y uno aprende a construir
todos sus caminos en el hoy,
porque el terreno de mañana
es demasiado inseguro para planes...
y los futuros tienen una forma de
caerse en la mitad.
Y después de un tiempo
uno aprende que si es demasiado,
hasta el calorcito del sol quema.
Así que uno planta su propio jardín
y decora su propia alma,
en lugar de esperar a que alguien le traiga flores.
Y uno aprende que real
hasta el calorcito del sol quema.
Así que uno planta su propio jardín
y decora su propia alma,
en lugar de esperar a que alguien le traiga flores.
Y uno aprende que realmente puede aguantar,
que uno realmente es fuerte,
que uno realmente vale,
y uno aprende y aprende...
y con cada día uno aprende.

Jorge Luis Borges

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Coisas sobre férias que quero dizer ás minhas filhas

Meus amores

As férias são o melhor do mundo. Sobretudo as férias escolares na idade da inocência. Brincar, Sujar. Andar descalças. Trepar ás árvores. Comer a fruta directamente dos ramos. Sem lavar. E, se cair, dar um beijinho, e continuar a comer como manda a tradição. Esmurrar os joelhos e cotovelos. Pegar em gatos e cães. Jogar ao esconde-esconde, dançar o manel-tim-tim e a fitinha azul. Picar-se nas ortigas. Contar os aviões que atravessam o céu.
Esqueçam as horas. Isso é coisa de adultos. Que importa a televisão ou o computador? Apanhem sol. Apanhem chuva. Molhem-se e sequem-se ao sol.
Não se pode comparar o esforço de trepar a uma árvore com o prazer de estar lá em cima!
Comam amoras directamente das silvas sem ter medo de picar os dedos. Vistam qualquer coisa. Esqueçam as cores e a moda. As férias tanto são boas para correr com saias de tule como para saltar á corda com os melhores sapatos.
Aproveitem. Divirtam-se. Gozem as férias.
Tirai fotografias com a vossa mente e guardai-as no vosso coração. São as fotos mais resistentes. As que nunca se estragam. E que duram gerações.
Vá lá. Bora a brincar e a sentir o mundo como só as crianças sabem fazer.
Bora lá a cheirar a terra. A ver como são feitas as minhocas. O que existe dentro dos buracos das toupeiras. Como mexe o rabo da largatixa.
Meus amores mais preciosos, as férias são o melhor do mundo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sindrome do Vale do Ave

A avó insiste em perguntar ás netas o que é que elas querem ser "quando foram grandes".
Ontem perguntou á mais pequena. E ela, do alto dos seus seis anos, respondeu:
- Quero ser patroa...
A avó babada insistiu e perguntou porquê?
-Quero ser patroa para passar o dia nas lojas, a entrar e a sair, e a fazer compras.

sábado, 15 de agosto de 2009

Se...

Se a pessoas que amas se aproxima de ti cambaleante;
Se a pessoas que amas treme quando te vê;
Se a pessoa que amas arde na febre da paixão;
Se a pessoa que amas, transpira de alegria;
Se a pessoa que amas tem os lábios ardentes como brasas quando te beija;
Se a pessoa que amassente calafrios qunado te vê...

Cuidado.

Pode não ser amor. Pode ser a gripe A.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

As quotas e as franjas

Por este país, por estes distritos, concelhos e juntas de freguesia, milhares de mulheres vestem agora camisolas com o número três, seis e nove...
As quotas assim o obrigam, tranformando as listas eleitorais em listas de mulheres quase anónimas que entram agora na politica por força legal.
As apresentações das listas são deprimentes.
João de Deus Pinheiro não conhecia a número três da sua lista. Nem a seis. Nem a nove.
Ouvi o responsável por uma distrital dizer que, para fazer as listas para as legislativas, pediu a cada concelhia o nome de "dois militantes e uma mulher".
Fugiu-lhe a boca para a verdade.
Tal como aconteceu (e ainda acontece?) com os jovens do PP, conhecidos pelo uniforme de camisa ás riscas, mangas arregaçadas e cabelo 'àfodassse', as meninas das listas têm uma espécie de dress code.
Salvo raras e honrosas excepções, as meninas-quotas, têm medidas de modelo, vestem bem e, a cereja em cima do bolo, usam cabelos compridos e uma franja à Beatriz Costa.
Já nas eleições europeias, o Bloco de Esquerda apostou em caras bonitas, decoradas com franjas.
Nas legislativas a moda continua. Mas é triste...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Obras

As obras na minha rua são como o reino de Deus: não têm fim.
Primeiro, foi a casa em frente que esteve em obras. Comemos pó. Bebemos pó e não podiamos abrir as janelas durante o dia.
Depois foi o vizinho do lado. Obras. Marteladas. Música alta. E, claro, pó. Voltamos à reclusão das janelas fechadas.
Comemoramos o final das obras com um excelente espumante de alvarinho e fomos de férias.
Voltamos e quase não entramos em casa.
Em ano de eleições triplas, temos a rua completamente esburacada pela pior empresa de constrição civil de Portugal.
A ideia, será a de, segundo um operário, 'encanar a água da chuva'.
Mas a rua está um canho. Máquinas, homens, buracos, tubos, não há ponta por onde se lhe pegue.
Ontem, depois de tentar entrar na minha rua por todos os caminhos possiveis, acabei por estacionar longe e fui a pé para casa.
Pelo caminho, cruzo-me com os homens da obra, de cervejola na mão, escavadora atravessada na rua para garantir que ninguém passava, sentados à sombra.
-Então amigo (gosto sempre de chamar 'amigo' aos tipos da construção), como é? Já não posso entrar em casa?
-Tá ali uma placa a dizer trânsito proíbido...
-Excepto a moradores e eu sou moradora!
-Pois, olhe entre as 8 da manhã e as seis da tarde, ninguém passa. É hora de trabalho...
-Mas eu preciso de passar..
-Se a senhora trabalhasse não estava aqui a esta hora.
-E se o senhor trabalhasse não estava aí a emborcar cervejas e a obra já estava feita!
-Até parece que é engenheira...Olhe faça queixa na câmara...
E foi o que fiz. Mandei um email para a minha autarquia a explicar porque é que preciso de viver num hotel de 5 estrelas enquanto a minha rua estiver em obras...

domingo, 2 de agosto de 2009

Doce

Primeiro, colher os pêssegos da árvore. Depois descascar a fruta. Pesar. Colocar numa panela de ferro e misturar o açucar e os paus de canela. Deixar cozer muito lentamente. Apreciar o cheiro. Mexer com uma colher de pau cheia de história. Lamber a colher para sentir o gosto do doce. Deixar cozer. Apreciar a cozedura com todos os sentidos despertos. Preparar os frascos. Colocar o doce biológico em frascos que serão depois distribuidos pore um número muito restrito de amigos. Lamber a panela de ferro com códeas de pão.

O meu nome é EM. Se eu podia viver sem o meu fogão a lenha? Podia, mas não era a mesma coisa.

sábado, 1 de agosto de 2009

Culinária

Queridos amigos:

Estou farta. Não sou vossa mãe. Não sou vossa formadora. Não tenho culpa nenhuma do vosso pouco jeito. Não quero saber. Nem ai nem ui. Estou mesmo cheia de vos aturar.
Esta ideia de que a Emília está ali para nos ajudar, acabou. Desenrasquem-se. Comprem refeições congeladas. Vão ao restaurante. Telefonem para a telepizza.
Não quero saber de engates ou de conquistas 'pelo estômago'.
Não escrevi nenhum livro de culinária nem pretendo escrever.
Já vos dei a receita da Bola de Carne umas 400 vezes a cada um. Já vos ensinei a fazer arroz de frutos secos vezes sem conta. Idem aspas para o arroz de legumes.
Já vos expliquei a técnica de enrolar a carne para fazer carne assada. Já fiz um desenho sobre como estufar alguma coisa. Ninguém se pode queixar de não saber assar lombinhos de peixe com molho de marisco.
Ai de quem disser que não ensinei a rechear um frango ou um perú.
Acabou.
Suspeito que, em vez de uma amiga, v. excelências, pensam que sou um livro de culinária falante e sempre contactável.
E sim, L. esta é para ti: nunca, mas nunca mais na p. da vida me ligues a um sábado, ás dez da manhã, a perguntar se a cebola do refogado deve ficar lúcida ou translúcida!
E sim, também é verdade o que ouviram dizer, não faço mais bolas de carne para ninguém.
Comam sushi que é mais saudável e párem de me perguntar como se faz empadão de legumes.