Uma filha operada de urgência. Várias noites no hospital. Uma cadeira reclinável para 'dormir' e canalha a chorar por todo o lado. Foram assim os meus últimos dias.
A criança está melhor, obrigado, já está em casa. Mas, esta mãe, dificilmente voltará ao seu--escasso--equilibrio mental.
Foram muitas horas sem dormir. Muito choro. Muitas incertezas. Muita canalha à volta. Muito alcool inalado. Muitas agulhas, soros, remédios e demasiadas batas brancas.
Estava (estou) de tal forma cansada que, enquanto eu e a minha criança esperavamos que o cirurgião nos desse alta clínica, decidi sentar-me numa cadeira e relaxar um bocadinho com o sol a bater-me no rosto.
Adormeci.
Acordei passadas duas horas. A minha filha, já vestida mas ainda deitada na cama, olha para mim.
"Mamã, o doutor disse que quando tu acordares podemos ir embora", diz ela.
Meia atordoada, perguntei-lhe:
"Então o médico vem cá e ninguém me acorda?"
"O doutor viu a minha cicatriz, passou a receita dos remédios e escreveu ai umas cartas para levar para o pediatra e para a enfermeira e depois, olhou para ti, e disse que toda a gente estava proíbida de te acordar".
O cirurgião, um jovem médico, é realmente um médico a sério. Sabe de medicina e sabe da vida.
Quando uma mãe 'desmaia' de sono, é porque já não aguenta mais, já não tem mais força para ouvir nem para ver.
O médico fez o melhor que sabia: cuidou da filha, deixou dormir a mãe e proibiu qualquer um de interromper o re-encontro que eu estava a ter comigo própria.
1 comentário:
Grande médico, espero que esteja tudo bem convosco. Qualquer coisa liga.
Beijos
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