terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O amor pelo futebol

O amor pelo futebol é um amor estranho. Há o amor platónico como o que temos pelo FCP ou pelo Benfica, em que, mesmo à distância, ficamos felizes com as vitórias e tristes com as derrotas; e depois há o amor de proximidade, que nos liga ao clube da nossa terra. É assim com o Grupo Desportivo de Joane e com os outros clubes de outras terras, mesmo que joguem nos campeonatos regionais, na terceira divisão ou no torneio de solteiros contra casados.
O amor pelo futebol é um amor tolo. Faça chuva ou faça sol, lá vamos nós onde for preciso. De Monção a Bragança. Passando por aquela terra onde o diabo perdeu as botas, lá vão os adeptos do clube. Porque o amor é mesmo assim e precisamos de estar na bancada a bater palmas, a festejar os golos e a chorar as derrotas, ou a chamar nomes á família do árbitro.
O amor pelo futebol é um amor puro. Puro no sentido de que nada mais esperamos dele do que a alegria de ganhar um jogo. De ouvir um amigo a gritar dezenas de vezes “Jooooaaaannnneee” e de nunca ficar rouco. É este amor pelo clube que nos leva aos estádios, a falar com conhecidos e desconhecidos, a conhecer pessoas, a brincar com crianças, a fazer festinhas a bebés e a partilhar o lanche com outros adeptos como nós.
O amor pelo futebol é um amor “atolambado”. Por um clube, quase que conhecemos as estradas de todo um país. Temos bandeiras e cachecóis. Atrasamo-nos a pagar as quotas, mas depois voltamos a pôr as contas em dia. Zangamo-nos com os jogadores, mas fazemos as pazes no domingo seguinte. O clube está sem direcção mas acreditamos que alguém virá e que o nosso clube nunca, mas nunca, irá acabar.
O amor pelo futebol é um amor resistente. Aconteça o que acontecer, estamos lá na próxima oportunidade. Prontos para outra, mesmo que doridos por dentro. Citando o escritor Miguel Esteves Cardoso, até me apetece dizer que “o amor é fodido”.

(Dedicado, com amor, ao Victor que, aos dez anos, morreu num acidente de viação quando ía ver o Joane jogar e aos país, feridos com gravidade no mesmo acidente).

1 comentário:

Anónimo disse...

Já vi isto em algum lugar...
Luís