Para que conste, a culpa disto tudo é do meu sócio. Uma gaja casa é para alguma coisa, certo? Certo. A feminilidade de uma gaja não fica beliscada com o facto de ser sempre o marido a fazer revisões ao carro, meter gasóleo e essas coisas terrenas.
Pois, uma noite, acabo uma formação e descobri que tinha fechado o jipe com a chave lá dentro. Telefono para o meu sócio que acorda mal disposto. Rebeubeu, lá lhe expliquei a situação, que precisava que ele me fosse buscar, que não tinha chave e não sei que mais. Debalde. Mandou-me pedir ajuda a uma espécie de bairro do Cerco lá do sitio que, por certo, não faltaria quem soubesse arrombar carros. Foi o que fiz. Paguei cinco euros a um adolescente e aprendi a abrir portas de carros.
Já ajudei algumas amigas, como eu vítimas das p....das chaves que insistem em ficar dentro do automóvel, e ensinei algumas a levantar a borrachinha do vidro, enfiar uma faca comprida, ou um arame, ou um fio de electricidade, ou outra coisa qualquer, a 'empurrar' o sistema de travagem da porta e a forçar a sua abertura.
Basicamente, acho que estou perita em arrombar portas.
Ontem, no parque da estacionamento da universidade do minho, brilhei. Unhas pintadas, fatiota à maneira, sapatinho de salto, mala a condizer e um ligeiro baton, davam-me, no mínimo, um ar sério e respeitável.
Um professor doutor da universidade estava fechado fora do carro. Azar. Rodeado de funcionários da UM, de seguranças e de curiosos, todos davam palpites sobre como abrir a porta sem usar a chave que estava, maravilhosamente, pousada no banco da frente.
"Quer ajuda", perguntei. Que não, que não havia necessidade. Que já havia homens a resolver o assunto. Que foi um azar. Que aquilo não era um trabalho para uma senhora (eu!) fazer, mas que sim, muito obrigado pelo apoio.
"Eu sei arrombar carros", disse alto.
"Mas não é jornalista", perguntou um conhecido. "Sim, sou. Mas sei arrombar carros", rematei.
Mandei arredar os homens e pedi que me trouxessem uma faca do bar.
Com ar de mestre, levantei a borracha colocada junto à janela do condutor, na folga que ficou, meti a faca de cortar o pão, com todo o cuidado. Encostei a orelha ao vidro, esperei pelo clique do fecho a abrir e, voilá, porta aberta.
Pois, apesar dos muitos pedidos não ensinei ninguém a fazer o trabalho. Bem feito. Que aprendam sozinhos. E, daqui a mais ou menos 50 anos, quando abandonar o jornalismo, não vou para nenhuma assesssoria. Vou arrombar carros.
3 comentários:
Que grande porcaria
Seu post me ajudou msm a abrir o carro do meu pai. Mto obg!!!
Boas, aconteceu-me o mesmo, experimentei essa táctica mas sem sucesso, será que me pode dar uma ajuda?
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